terça-feira, 5 de julho de 2011

HISTÓRICO DA ESTAÇÃO DE NOGUEIRA

O bairro de Nogueira nasceu da Fazenda Nogueira, que era propriedade do Sr. Domingos de Souza Nogueira, português, industrial e empreendedor, (Diário nos distritos s/data) . A ele se deve em grande parte a construção da Estação Ferroviária de Nogueira, “inaugurada em 10 de Junho de 1908, entre Itaipava e Cascatinha” (Barbosa, 1908) .

Instalada na linha Norte-27 da Leopoldina Railway, antiga Estrada de Ferro Príncipe do Grão Pará, a estação tem sua construção como descrita a seguir:

Construção retangular em alvenaria de tijolos aparentes, telhado em duas águas de inclinações diferentes e vãos em verga reta. As fachadas são realçadas, havendo um alpendre com estrutura de ferro e madeira, voltado para o lado da linha do trem, cobrindo a plataforma de embarque e desembarque de passageiros e cargas. Esta estação se distingue das demais existentes no município de Petrópolis pelo fato de suas paredes externas não serem rebocadas e pintadas: Luís Antônio / Mônica; (FUNDREM - INEPAC/SEEC-RJ 06/ 1982.. ) (Figura 1 e 2).

Para festejar a construção da Estação de Nogueira como importante melhoramento local, o Sr. Domingos Nogueira ofereceu um grande almoço às pessoas convidadas a assistirem a inauguração, e a superintendência da Cia. Leopoldina gentilmente colocou um trem especial à disposição dos convidados. (Barbosa, 1908).

Figura 1: Fachada da Estação Nogueira.( 1950). Fonte: Vicentina Nogueira

Figura 2: Passageiros esperando o trem na plataforma da Estação de Nogueira. (1950). Fonte: Eda Portes de Abreu.

A Estação ferroviária de Nogueira, assim como as demais, tinha como finalidade promover as operações relativas à circulação dos trens, ao uso do material rodante e às relações entre ela e o público no que dizia respeito ao transporte. Na estação operavam Agentes, Auxiliares de Agentes, Cabineiros, Guarda-chaves, e vários outros trabalhadores. Esta era utilizada para o transporte de “...passageiros que moravam no interior e para o transporte de cargas como: gado, café, leite, legumes e verduras, além da comunicação através do telégrafo...”( Simoni,1996), aparelho para comunicação à distância usado para diversos fins, entre outros, telegramas particulares. Os trens da linha Grão-Pará circulavam em dois horários, um pela manhã, passando por Nogueira em direção à Três Rios às 08:44 hs, e outro à noite seguindo para Petrópolis às 18:51 hs (o fluxo de trens poderia aumentar de acordo com o número de passageiros e quantidade de cargas). As locomotivas, também conhecidas no interior como “mata-sapos”, transportavam além de cargas, vagões de passageiros muito confortáveis, “...cada um com quarenta assentos estofados e encosto de palhinha ; havia um toalete bem pequeno em cada ponta; os vidros das janelas eram filetados com desenhos em jato de areia,(Gevert 2002.)”, o charme sobre os trilhos, que passaram durante décadas por Nogueira e sua Estação.

O que se conhece pouco da estrada é o trecho rural, ( Figura3),

pois a aristocracia descia na Estação Leopoldina, no centro de Petrópolis , não passando por Cascatinha, Corrêas, Nogueira, Itaipava e Pedro do Rio, que na época eram apenas grandes fazendas, e assim, pouco havia para ver, salvo as poucas vezes em que o imperador seguia até a Fazenda da Águas Claras, propriedade de seu amigo, Guilherme de Souza Leite, o Barão de Águas Claras, importante cafeicultor da época. ( Simoni, 1996).


Figura 3: Zona Rural , Estação Nogueira. Fonte: Eda Portes de Abreu.

Mesmo sem muitos registros históricos, é possível afirmar que o trem auxiliou o povoamento e desenvolvimento dessas regiões, já que as estradas de ferro conduziram em seus trilhos, além de cargas e passageiros, o progresso até as regiões mais distantes.

No tempo em que a ferrovia ainda não chegava a Juiz de Fora, era por aqui que Minas Gerais enviava sua produção de café para o porto do Rio de Janeiro e dali para o exterior. O caminho que era feito pelo trem é até hoje conhecido, e chamado de “Estrada Mineira”. ( Simoni, 1996).

As relações entre a estação e sua linha foram harmônicas até “05 de maio de 1964, último dia da viagem do trem nesta região” (Diário nos distritos s/data).

Com a implantação da indústria automobilística no país a partir do final da década de 50, e o declínio da atividade das estradas de ferro, a RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.), decidiu desativar várias linhas consideradas “deficitárias” (Silveira Filho, 1984).

Desta forma, em 1964 era erradicada a linha Petrópolis – Areal e conseqüentemente, desativada a Estação de Nogueira.( Figura 4).

Figura 4: Estação Nogueira desativada, foto tirada em 1968. Fonte: Eda Portes de Abreu.


Cedida pela RFFSA para atividades residenciais e comerciais, a Estação de Nogueira foi pouco a pouco sendo descaracterizada e privada de todo o seu acervo tais como aparelho de telégrafo, sino, luminárias, bancos e outros objetos.

Em 1984 a estação foi transformada em “pizzaria”, sendo seu ponto vendido a outros que foram modificando seu interior.

No ano de 2000, a estação de Nogueira é desapropriada e passa para as mãos da Prefeitura de Petrópolis. Em 2004, em parceria com a sociedade local, poder público e iniciativa privada a Estação foi revitalizada e entregue a comunidade como um espaço destinado a cultura e lazer. Em 04 de outubro de 2009 o Centro Cultural é reaberto e entregue novamente a sociedade, onde a Prefeitura de Petrópolis por meio da Fundação de Cultura e Turismo vem desenvolvendo diversas atividades culturais com a participação de moradores, comerciantes e visitantes do bairro.


Elaborado por: João Sergio da Silva Junior.

Marcus Vínicius Carvalho

3 comentários:

  1. Caro blogueiro, vc poderia me dizer se foi nesse bairro que o Ex-Presidente Epitácio Pessoa viveu seus últimos dias?

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  2. Poderia me informar, ainda, se há duas ruas em Petrópolis com o mesmo nome do Pres. Epitácio Pessoa? Por que no google aparece uma próximo ao Museu Imperial e outra em bom sucesso! Grata pela atenção.

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  3. Belissimo trabalho de restauro desta estação e sua nova função como espaço cultural e ferroviario mantendo suas caracteristica como estação de trem

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